sexta-feira, 4 de março de 2016

A fadinha Dondoca


Lá no alto da verdejante colina tem uma floresta encantada construída com fios de luar. Tudo por lá é mágico. Os duendes e as fadas conviviam harmoniosamente cada um realizando o trabalho de protetor das florestas naturais. Cuidavam das árvores para que elas se mantivessem sempre verdinhas e exuberantes. Os rios de águas azuis e cristalinas abrigavam imensos cardumes que ornavam aquelas águas para a morada das sereias que viviam a entoar lindas melodias para alegrar o dia dos viventes daquele belo espaço. As borboletas voavam de cá para lá polinizando as flores para adornar as margens daqueles regatos que serviam de palco para o encontro dos enamorados que vinham nos finais de tarde trocar juras e carícias de amor. Todas as tarefas eram cumpridas num ritual de alegria e serenidade. Mas... um dia chegou na floresta encantada a fadinha Dondoca. Muito inteligente e perspicaz a mocinha percebeu que naquele lugar reinava a paz e não seria nada fácil colocar em prática o seu plano mirabolante. Cansada de ser escrava em outro reino onde uma bruxa malvada comandava a todos com mãos de ferro. Dondoca distribuiu muitos sorrisos. Seu plano era fazer uma aliança com os moradores e se tornar a rainha do lugar. Os duendes ficaram encantados com a beleza da fada e satisfaziam seus mínimos caprichos. Certa manhã as gotas coloridas da chuva encharcavam os canteiros o que deixava o serviço mais difícil e pesado. Eram necessárias muitas mãos para realizar um único trabalho e eles se organizavam em grupos porque sabiam que unidos eram mais fortes. Mas e Dondoca? Cadê? Ela deveria estar ajudando as fadas a retirar as inúmeras folhas que caíam com a força da chuva e deixavam feios com aquele arzinho de desleixo os encantadores jardim. Uma das fadas saiu irritada à procura de Dondoca. E sabem onde ela estava? Tirando uma soneca dentro de uma xícara. Pronto! O rebuliço foi formado. Enquanto os guardiães trabalhavam a fadinha folgada descansava curtindo o sono da beleza. Um aglomerado furioso de fadas e duendes adentraram na cozinha do diminuto chalé. Quando Dondoca os viu, fechou a cara e com pose de rainha perguntou:
_ Que ousadia é essa? Como se atrevem a invadir o meu chalé?
Estupefatos olhavam abismados a cena que se descortinava diante de seus olhos. Dondoca estava deitada em uma rede tecida com fios de estrelas e um grupo de fadas abobadas trabalhavam para ela. Uma penteava seus longos cabelos, outras faziam massagem em seu delicado corpinho e alguns duendes que mais pareciam eunucos abanavam a presunçosa fada com um leque feitos com penas alvíssimas do pavão imperial. Num ímpeto de cólera a fada Estelita, a mais experiente, apanhou uma vassoura de piaçava e partiu para cima da fada Dondoca a desferir-lhes violentos golpes. Dondoca corria, gritava, praguejava mas nenhum dos adjetivos maledicentes foram suficientes para que Estelita voltasse à razão e deixasse de golpeá-la. Com os pensamentos em redemoinho Dondoca lançou-se de joelhos aos pés de Estelita suplicando o seu perdão. Mas... quanto mais ela suplicava mais a fada batia. Dondoca deixou-se cair no chão e começou a chorar. Aquele chorinho desesperado comoveu Estelita que largando a vassoura num canto foi a primeira a estender a mão para que Dondoca se levantasse. Acariciou os cabelos de Dondoca e se preparou para ouvir o relato da fadinha. E Dondoca em poucas palavras contou que na adolescência foi estuprada pelo duende guardião que era casado com sua mãe e que ao contar o fato sua mãe agrediu-a e expulsou-a do reino das fadas felizes. Caminhou dias e noites e foi acolhida pela bruxa Zelda. E lá no reino das bruxas trabalhava como escrava para ganhar um prato de comida e não sucumbir de fome. E foi lá que descobriu esse recanto mágico e imaginou que ali pudesse ser tratada como uma rainha. Dondoca reconheceu o seu erro. Estivera agindo como a bruxa Zelda. Aproveitara-se da bondade das fadinhas. Chorando pediu desculpas. E hoje depois de muitos anos a fadinha Dondoca foi coroada rainha da floresta encantada. A vida dá muitas rasteiras mas internalizando-se as lições, mudando de postura, pode-se galgar o topo mais alto na realização de um sonho.
(Gracita)

Um comentário:

  1. Linda história e bela lição nela contida!Adorei! bj,s tudo de bom,chica

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