A maldade de Malícia - 2ª Edição do Poetizando e Encantando nº 01

Felizardo é o rei do Reino das Águas Claras. Seu reino tem este nome por causa das águas cristalinas. Na profundidade do leito dos rios é possível ver o bailado acrobático dos cardumes de peixes coloridos. Apesar do nome do rei indicar "felicidade" ele não é feliz. Sua irmã Malícia vive fazendo feitiços para atormentar o pobre rei e usurpar o seu trono. Passeando pela rota dos Contos de fadas Felizardo chegou no reino do conto João e Maria. De longe ele viu que a Bruxilda conversava com as crianças. Atrás da bruxilda Felizardo viu uma casa de doces. Guloso como ele só, esgueirando-se por entre as árvores, Felizardo aproximou-se da casa e começou a comer as paredes de açúcar. Como o ribombar de um trovão ele ouviu uma carvenosa e horripilante gargalhada. Era Malícia! Pálido como um floco de neve Felizardo perguntou: - Malícia, como você chegou aqui? E rindo feito uma louca desvairada ela disse: - Ora meu irmão, eu estou em todos os lugares. Viajo de um reino até o outro com a velocidade de uma cometa. Basta falar as palavras trágicas e o meu cetro se transforma num tapete de horrores e me transporta para onde eu quiser. A minha bola magnética do feitiço mostrou você passeando por aqui. Fui mais rápida! ah,aha,ah! Cheguei primeiro e transformei Bruxilda numa minúscula vassoura e tomei o seu lugar para enganar você. No dia do baile da primavera que acontecerá dentro de alguns dias eu tomarei posse do Reino das Águas Claras. Felizardo ficou vermelho de raiva  e gritou: -Isso nunca!!!. Malícia respondeu com escárnio: - O que um sapo nojento e fedido poderá fazer? Você foi enfeitiçado pela sua gula quando comeu as paredes de açúcar da casa de doces. Mas não se entristeça. O feitiço agirá lentamente. E somente no dia do baile haverá a sua completa transformação. Até lá peça aos seus súditos da Floresta Encantada para desfazer o feitiço. Aquela fadinha fofoqueira poderá levar o seu pedido aos abestalhados elfos e gnomos. Uma fumaça azulada surgiu no céu. E num redemoinho fedendo a enxofre Malícia se foi. O rei Felizardo percebeu que o feitiço da Malícia já estava fazendo efeito. Nas pontas dos seus dedos já não havia unhas. Ventosas de dedos de sapo haviam tomado o seu lugar. Chorando o rei pediu clemência aos deuses. Quem apareceu foi a fada Lisbela. Olá fadinha amiga, procure a Comadre Florzinha na Floresta Encantada e peça-lhe para preparar o antídoto que acabará com esse encantamento. O prazo termina no dia do Baile da Primavera. Lisbela se foi e deixou Felizardo pulando e coaxando em busca do caminho para o Reino das Águas Claras. Lisbela encontrou a Comadre Florzinha no Palácio dos Unicórnios. Pousou suavemente a sua folhinha transporte no chão e disparou a falar. Comadre Florzinha ouviu com atenção e disse que precisaria de seis ingredientes mágicos para fazer o antídoto. Lisbela anotou tudo em seu bloquinho de papel dourado e saiu voando. Sentou-se no vale dos trovões. Escreveu uma trova poética e enviou o enigma pela caixa mágica para suas amigas humanas: Lilith e Judith. Na mensagem as meninas decifraram o pedido misterioso da amiga Lisbela. Vamos nos apressar. Precisamos chegar no Vale Encantado antes do anoitecer. Lisbela jogou o pozinho mágico para que elas ficassem pequeninas e pudessem viajar na folha dourada. Passaram pela floresta mágica onde chapeuzinho Vermelho ofereceu-lhes o lírio de lágrimas. No jardim da Fera viram a Bela colhendo rosas e pediram-lhe a rosa da solidão. Na casa do Gepeto encontraram Pinóquio. Ele colocou em uma caixinha de veludo o sorriso feliz. Faltava encontrar ainda três ingredientes. Entraram numa canoa pintada de arco íris e desceram o rio até a Mina de Diamantes. Pediram ajuda aos sete anões para encontrar a Branca de Neve. O mestre e os outros anões seguiram a trilha até a pequena casinha . Lá Branca de Neve cozinhava costeletas de carneiro. Lilith e Judith pediram que ela lhes desse um pouco do elixir da coragem. O tempo passava... E Felizardo já estava cada dia mais parecido com um sapo. E como fedia aquele rei. O baile da primavera estava próximo e as meninas precisavam do último ingrediente. Para agilizar a viagem Lisbela chamou os unicórnios prateados para voarem com suas asas douradas até o vale. Olhe, chegamos! Lá está o lago das ninfas. Foram até o lago. A ninfa Escarlate mergulhou e voltou com um vidrinho azulado e disse: - Aqui está o líquido da felicidade. As meninas agradeceram e voaram ao encontro da Comadre Florzinha. Ao vê-las a Comadre sorriu. Tomou em suas mãos os ingredientes mágicos e foi para a cozinha preparar o antídoto. Pronto aqui está. O baile é amanhã. Encontrem o rei Felizardo e faça-o beber o antídoto. Uma gota será suficiente. Despediram-se e embarcaram na folha dourada da fadinha Lisbela. Chegando ao Reino das Águas Claras as meninas ficaram em choque. Nada lembrava o bonito jardim. Um brejo lamacento infestado de sapos fedidos. E agora? Como faremos para encontrar o rei? - perguntou Judith. Lisbela disse que o rei  continuava com a coroa. Tinham de procurá-lo naquele lamaçal fedido. Lá estava ele em cima de um cogumelo vermelho. Temos que pegá-lo. Lilith pulou em cima do cogumelo e agarrou o sapo. Neste momento uma gargalhada horripilante provocou calafrios nas meninas. Malícia arrancou o sapo das mãos de Lilith e disse: - Vocês jamais conseguirão dar o antídoto e empurrou Judith com tanta força que o vidrinho com a poção mágica caiu no chão e espatifou-se. O sapo deu um salto do colo de Malícia e espichou sua enorme língua sapólia lambendo o líquido espalhado no chão. Malícia urrou de raiva e sumiu numa nuvem preta de fumaça. O feitiço se desfez! No Reino das Águas Claras a felicidade tomou conta de todos!

Escrevinhado por Gracita

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O Poetizando e Encantando é uma linda iniciativa da amiga Lourdes Duarte