Ah, o "H"! Uma letra que, à primeira vista, parece
carregar um peso e uma importância em nosso alfabeto, mas que, no fundo, muitas
vezes se revela uma verdadeira turista, um adorno silencioso. Pense bem:
quantas vezes o H se aventura a ter um som próprio no português? Quase nunca!
Ele está lá, pomposo, no início de "homem", "hora",
"hoje", "hospital". Mas, sejamos honestos, se o tirarmos, a
pronúncia não muda em nada. "Omem", "ora", "oje",
"ospital"... soa estranho aos nossos olhos, mas aos nossos ouvidos? Rigorosamente
igual.
O H é o mestre da camuflagem. Ele se esconde no
"CH" de "chuva", no "LH" de "olho", no
"NH" de "sonho", emprestando sua existência para criar
novos sons, mas sem jamais se destacar individualmente. É como aquele colega de
trabalho essencial para o time, mas que nunca recebe os louros sozinho. Ele é o
coadjuvante eterno, o figurante de luxo.
E que dizer das palavras onde ele é ainda mais inútil?
"Bahia" sem o H? Nenhuma diferença na fala. "Proibido"? O H
está ali, tímido, entre duas vogais, quase pedindo desculpas por sua presença.
É um fantasma ortográfico, uma sombra que a história da língua teimosamente
carregou.
Talvez sua maior utilidade seja a etimologia, a capacidade
de nos lembrar da origem das palavras, de suas raízes latinas ou gregas. Ele é
um historiador silencioso, um guardião de passados linguísticos que poucos se
dão ao trabalho de decifrar. Mas, para a praticidade do dia a dia, para a
fluidez da fala, para a sonoridade da nossa comunicação, o H é, na maioria das
vezes, uma letra honrosa, mas inútil. E, paradoxalmente, é essa sua inutilidade
que o torna tão peculiar, um charme à parte em meio a letras tão vocais e
cheias de propósito.
(Gracita Fraga)
Cada letra tem uma utilidade, ainda que aparente! Adorei teu texto e a forma bem didática com que foi escrito! Boa noite! beijos, chica
ResponderExcluirQuerida amiga Gracita, ótima explicação. Tudo na vida tem sentido e o H também...
ResponderExcluirAmanhã veremos ótimas utilizações.
Ele não gosta muito de solidão, prefere estar aliando a alguma outra letra, é solidário...
Tenha um final de semana abençoado, Amiga!
]Beijinhos fraternos de paz e bem
A letra H realmente parece ter uma presença discreta e muitas vezes silenciosa na língua portuguesa, não é? Seu papel parece se resumir mais a uma função histórica e etimológica do que propriamente sonora.
ResponderExcluirMas o teu texto ficou excepcional
Beijos
Texto interessantíssimo, querida Gracita.
ResponderExcluirAté se dão ao luxo de o eliminar por não acrescentar
nada ao que se diz.
Tem razão, o H é o guardião de passados linguísticos,
mas não sei até quando aguentará.
Beijinhos
Olinda