A Ilha da Abundância
Era uma vez, em um canto esquecido do oceano, uma ilha
peculiar conhecida como A Ilha da Abundância. Não faltava nada ali. As árvores
davam frutos de todos os sabores em todas as estações. Os rios corriam com
águas tão puras que curavam qualquer mal. O sol brilhava sempre, e a chuva caía
apenas o suficiente para fertilizar a terra sem incomodar. Os habitantes,
inicialmente, viviam em êxtase. Tinham tudo o que podiam desejar, e mais.
No entanto, o excesso começou a cobrar seu preço.
Ninguém precisava trabalhar, então os dias se tornaram tediosos e vazios. As
frutas, antes deliciosas, perderam o sabor quando podiam ser colhidas sem
esforço em qualquer esquina. A água cristalina já não era valorizada, pois
jorrava sem parar. As pessoas pararam de conversar, pois não havia escassez
para compartilhar, nem desafios para superar juntos. O riso deu lugar a um
silêncio pesado, preenchido apenas pelo farfalhar das folhas e o murmúrio
constante dos rios.
Um dia, uma menina curiosa chamada Cora observou uma flor
rara que havia brotado em uma fenda rochosa. Para alcançá-la, ela precisou se
esticar, equilibrar-se e sentir o leve arrepio da dificuldade. Ao segurar a
flor em suas mãos, uma sensação nova a invadiu: satisfação. Era a primeira vez
em muito tempo que algo exigia um mínimo de esforço.
Cora percebeu então que a verdadeira riqueza não estava na quantidade,
mas na escassez que dava valor às coisas, na luta que trazia significado à
conquista. Ela começou a compartilhar sua descoberta, a mostrar aos outros a
beleza de um único pôr do sol apreciado, o sabor de um fruto colhido com
cuidado. Lentamente, a ilha começou a acordar. Os habitantes, antes presos na
armadilha da fartura, começaram a redescobrir o prazer do simples, da conquista
pessoal e da conexão humana que o excesso havia roubado. A Ilha da Abundância
não se tornou menos abundante, mas seus moradores aprenderam que a verdadeira
felicidade reside no equilíbrio, e não no mero acúmulo.
(Gracita Fraga)
Que lindo,Gracita! E até a fartura e facilidades em excesso causa transtornos! Tudo fica moleza e fácil demais! Ainda ben CORA conseguiu recuperar a sdatisfação do esforço!
ResponderExcluirbeijos, lindo domingo, chuica